sexta-feira, 22 de maio de 2009

As Sociedades Secretas Religiosas

No Caminho que leva aos Deuses ou a Deus, sempre existiram duas vias. A primeira, a mais difundida, é exotérica: consiste numa mensagem destinada à maioria. As três religiões do Livro, judaísmo, cristianismo e islamismo, são por sua própria natureza religiões exotéricas; os profetas da Bíblia, Jesus ou Maomé foram os portadores de uma palavra divina acessível a todos. Mas, à margem desses grandes cultos constítuidos, existe uma segunda via de acesso ao divino, que se caracteriza por seu aspecto esotérico e elitista. Certamente esotérica, porque o caminho traçado visa a transformar os seres "a partir de seu interior", fazendo deles iniciado. Elitista, porque esses adeptos são pouco numerosos e se consideram com um punhado de eleitos a quem é destinada a verdadeira salvação. Os partidáriops da via esotérica dividem, aliás, o mundo em duas categorias de pessoas: os iniciados, os únicos capazes de aspirar à verdadeira verdade, e o restante dos homens, classificados sucessivamente de "ignorantes", de "ímpios" ou simplesmente de "profanos", inaptos a receber a revelação divina. è esse conceito que leva esses homens e mulheres iniciados a se reunir em confrarias esotéricas e fechadas, detentoras de uma doutrina e de ritos próprios, garantias da mais elevada recompensa espiritual.
O segredo se encontra também no coração desas sociedade religiosas. Ele é a base, o próprio fundamento delas: sem ele, o favor do contato privilegiado com a divindade desaparece e os adeptos são entregues à sorte comum dos mortais. o segredo se manisfesta de diferentes maneiras. A mais evidente é o segredo de pertencimento. É o caso especialmente dos drusos ou dos alauítas que, durante séculos, praticaram a taqiya, ou "dissimulação", a fim de escapar das perseguições, mas também para preservar melhor o seu culto. Quanto aos Irmãos da pureza, seita ismaelita do século X, ainda hoje ignoramos até a identidade de seus membros que, no entanto, produziram uma importante obra literária. Em todos esses grupos encontramos uma dupla característica especifica deles. Sociedade fechadas, foram perseguidas com fregüência por religiões oficiais, das quais se haviam mais ou menos claramente originado e cuja autoridade e supremacia chegaram às vezes a ameaçar.É o caso dos gnósticos, por exemplo, que foram vigorosamente denunciados pelos autores cristãos, ou dos maniqueus que se afastaram dos sacerdotes de Zoroastro. Inversamente, amaioria desses grupos demonstrou grande desprezo pelos outros cultos, disso decorrendo sua vontade de não se mesclar com eles. Por essa razão os adeptos do orfismo antigo sempre se recusaram a participar das festas celebradas nas cidades gregas.
A prática do segredo não se refere somente à identidade dos membros de uma sociedade religiosa, diz respeito, antes de tudo talvez, à mensagem da qual estes últimos são adeptos e beneficiários exclusivos. Em geral, essa mensagem decorre de uma revelação dirigida a um ínfima minoria de pessoas. Foi o caso das seitas gnósticas, cujos membros pretendiam ser depositários de segredos ocultos revelados ao apóstolo João por Jesus após sua ressureição. Só uns poucos iniciados nesses segredos podiam esperar obter a vida eterna. Esse esquema é, além do mais, válido para grande parte das sociedades secretas antigas que faziam da comunicação de mistérios a base de seu ensinamento. Hoje ainda, grande número de seitas religiosas recorre, para seduzir seus membros, à comunicação de um segredo incomensurável, valendo-se muitas vezes de sua credulidade ou de sua angústia...
Há outro setor também, no qual o segredo predomina: o dos ritos. Como a religião impõe, a celebração do ritual é apanágio da maioria das sociedades secretas religiosas. Essas cerimônias, indissociáveis da mensagem transmitida aos adeptos, permaneceram muitas vezes impenetráveis até nossos dias. Não podemos imaginar o espetáculo a que devia assistir o faraó, sumo sacerdote e iniciado supremos nos arcanos da religião egípcia. Quando aos mistérios de Elêusis, ligados ao culto de Deméter e de Perséfone, não conhecemos adsolutamente nada do ponto de vista do culto. Como para as grandes religiões o ritual garante a coesãoda comunidade e, mantê-lo dissimulado aos olhos do profano, é acrescentar essa aura de mistério que termina por convencer a cada um de seus membros de que ele divide com outros os mesmos gestos, as mesmas palavras, conhecidos somente por eles, fortalecendo-os assim em sua fé.

Um comentário:

  1. Gosto de mais desses tipos de historia ainda mais quando se tornam medievais....

    muto bom mesmo..fazer voltar ao tempo..

    abraçao

    ResponderExcluir