O Homem Tem Medo do Tempo. Do Tempo que não tem passado, nem presente, nem futuro. Do tempo absoluto.
O tempo não tem relógio. Não se submete a medições. Não se confina em idades e épocas. O tempo existe.É presente desde sempre. Imcomensurável. Invisível e impalpável, ilimitado e indefinível. Não teve começo e não terá fim. Sempre presente. Dia, mês, hora, ano, século, milênio são limitações que a finita mente humana tentou impor o tempo. São divisões incongruentes de algo que não admite divisão, parcelamento, enquadramento. O tempo é eterno, é como se fosse deus. Incriado, como um ser supremo que se basta a si mesmo. Em sua relação com o tempo, o homem se sente finito, criado, medido, calculado, dividido e diminuído.
Em su finitude, procura se superar, tenta conquistar - não o espaço, pois percebe que é inatingível - o tempo para si, todo o tempo, o tempo infindo e infinito.
Em sua finitude, lança mão de estratagemas que lhe permitam pelo menos enteder sua função no tempo, sua relação mais ou menos longa com ele, sua eternidade acompanhando-o ou sua parada brusca e irreversível no mesmo.
Em sua finitude, em sua incapacidade de vislumbrar um possível domínio do tempo, o homen se volta para o oculto, o misterioso, o divino companheiro, um divino acessível, comunicativo, que desvende os arcanos do tempo, desse tempo que, segundo o homem, varre a eternidade inteira com sua presença implacável e despótica.
E o homem encontra resposta, embora tênue, sofrível, nebulosa, quando não incompreensível e caótica, no divino e em seus mistérios. Mas é uma resposta.
No afã de chamar para perto de si a divindade, multiplica as formas desta, conferindo-lhe de mil e uma fisionomia, semblantes ora agradáveis ora terríveis, emprestando-lhe atributos reveladores do tempo e dos tempos, da eternidade e das eternidades.
O divino - que o finito ser humano coloca lá em cima para além do espaço e talvez para além do tempo - baixa até o homem e este se eleva com ele. Pelo menos é o que ele pensa ou será pura ilusão.
Os Deuses do Tempo
Para o homem finito e angustiado, o tempo é algo sobrenatural, cujos segredos e mistérios são guardados por seres superiores, seres que transcedem a intransponibilidade do próprio tempo. A divindade, pois, é a resposta, dá a resposta, revela os mistérios encerrados nos arcanos do tempo eterno.
Não importa a forma que a divindade tenha ou que assuma, seja etérea ou perceptível, seja inimaginável ou palpável. [...]
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